Ao nada se chega a nado

Poema concebido em Campinas [SP/BRA] ago./2011

Argollo Ferrão, A. M. de (2011). Ao nada se chega a nado [web]. Disponível em <https://argollo.arquiteturadocafe.com.br/antologia/poetica/ao-nada-se-chega-a-nado/>.

Ao nada se chega a nado
Para percorrer o caminho que me sugere o coração
Não há que se alimentar de dúvidas,
E já que só o que sei é que nada sei,
Sigo tranquilo — não quero que ninguém me carregue.

Sigam em frente, cada um com o seu fado,
Trilha vã — com a razão é que se segue
Sem o temor de que se chegue a nada...
Mas, se na água, só se chega a nada a nado.

Resmunga o meu coração, me impele
À conquista que me será cara,
Que me consagrará com marcas na pele
E me sustentará até que eu esteja saciado.

Só assim poderei ter certeza
De que o nada a que se chega
Só entende quem nada sabe...
A não ser, se na água, o nado

— que pra quem nada é tudo —

Corrente para a recuperação
De quem já se sente cansado
Da disputa entre razão e emoção,
Do teatro a que se assiste enfadado.

E segue sem rumo o meu coração,
A cada dia um pouco menos machucado,
Pois sabe que nada sabe
Do nada a que se chega a nado.

E nada !
Nada, nada, nada...
E nada !