Ao Re(i)negado

Poema concebido em Campinas [SP/BRA] mar./2011

Argollo Ferrão, A. M. de (2011). Ao Re(i)negado [web]. Disponível em <https://argollo.arquiteturadocafe.com.br/antologia/poetica/ao-reinegado/>.

Ao Re(i)negado
O coração quase me veio à boca
Com o susto que levei
Quando ouvi o barulho da queda,
Grave queda de mais um rei.

Eu lhe disse que tomasse cuidado,
Que não dormisse no ponto,
Ou, que se dormisse...
Que não fosse um sono pesado.

Mais um rei que perde o trono,
Mais um tirano desalojado...
É o povo que perdeu o sono
E acordou de um pesadelo — zangado !

O poder que emana do povo
Escorre pelas mãos de quem o havia usurpado,
O sentimento de conquista de todo um mundo novo
Brota em toda parte como houvesse sido espalhado.

O coração quase me veio à boca
Para dizer consternado o que pressentiu.
Quem realmente caiu — desatento, sonolento
No esquecimento — foi o último rei...

Renegado.