Aridez

Poema concebido em Campinas [SP/BRA] jul./2012

Argollo Ferrão, A. M. de (2012). Aridez [web]. Disponível em <https://argollo.arquiteturadocafe.com.br/antologia/poetica/aridez/>.

Aridez
São caminhos tortuosos,
Ambientes barulhentos, gente feia,
Ar seco — vento frio — muita poeira,
Solo estéril, não tem água […]
A paisagem não convida, não acolhe,
Não há vida.

Os caminhos não levam a nada,
A lugar algum, não conectam nem desatam,
O barulho irrita, a claridade irrita,
Faz arder os olhos — arde a pele exposta ao sol
Suada, enrugada, carcomida […]
Há fome, não há comida.

Agir, fazer qualquer coisa dá preguiça,
Dói a barriga, esticar os braços gera briga,
O pulso firme de quem dirige
Quando posto em cheque demonstra
Toda a fragilidade do meio […]
Respirar, ficar quieto, dá coceira.

Incômodo, incoerência, muita sujeira,
Falta nada para quem nada espera,
Quadro crítico, feridas abertas,
O futuro é implacável e não cede à sede
De quem respira por aparelhos […]
E sofre as consequências dessa extrema bandalheira.