Assim a vi

Poema concebido em Campinas [SP/BRA] dez./2014

Argollo Ferrão, A. M. de (2014). Assim a vi [web]. Disponível em <https://argollo.arquiteturadocafe.com.br/antologia/poetica/assim-a-vi/>.

Assim a vi
Eu a vi assim — seminua
E toquei os seus seios,

Estive a ponto de me certificar
Que ela sentiu o sabor que lhe impus ao paladar.

Mas tudo não passou de uma mera sensação,
Nem sonho chegou a ser.

Eu a vi assim — forte e madura,
Dando-me conselhos…

Sobre como eu deveria me alimentar,
E cortar o cabelo…

Eu a vi assim —
Em pele e pelo…

E não pude resistir a seus encantos
Que me elevaram a outras dimensões,

E foi assim que eu me dispus a decifrá-la
Armando armadilhas metafóricas,

Vestindo-me com a indumentária
Mais neutra, embora suntuosa,

De um poeta que declama à sua musa
Obtusa…

Antimusa que quer acreditar nas tramas
Que se apresentam após a mais ingênua ilusão.

Eu a vi assim —
Confusa aparição.