Banquete dos rebaixados

Poema concebido em Campinas [SP/BRA] fev./2012

Argollo Ferrão, A. M. de (2012). Banquete dos rebaixados [web]. Disponível em <https://argollo.arquiteturadocafe.com.br/antologia/poetica/banquete-dos-rebaixados/>.

Banquete dos rebaixados
Que a empáfia desse homem
Protegido de deus — que deus ? —
Que tem parte com o Mal
Venha à tona e se mostre nua afinal

— Por favor, me passa o sal […]

Que a prepotência de quem julga
Se transforme em corrosivo ácido
E destrua o fígado dos pseudo-homens de bem
E a justiça possa finalmente florecer

— O que é que tem para comer ? […]

Que a hipocrisia das mães-abandonadas,
Esposas fabricadas, profissionais do lar destruído
Derrube a empáfia dos protegidos,
Estraçalhe a arrogância de quem julga defender a família

— O de sempre, e depois, flan de baunilha […]

Que o oportunismo das biscates da Society as faça engolir
O mesmo tanto de merda que desejariam fosse dinheiro,
E que o vômito inevitável se instale e substitua
Para sempre o gozo forçado de quem não sabe amar

— Seu prato já está feito, é só esquentar […]

Que os imbecis prepotentes cheios de grana
Enfiem no cu a grana que lhes sobra,
E a cada dólar gasto de maneira escusa
Mais seu cu se abra à putrefação sodomita

— Arroz com ovo e salame na marmita […]

Que enfim os engravatados e “entogados”,
As vestidas de grife com salto nos pés,
Os sovinas, mercenários, picaretas cheios de si
Possam se reconhecer no banquete dos rebaixados

— O pão nosso de cada dia não elimina todos os pecados […]