Poema concebido em Campinas [SP/BRA] ago./2011
Argollo Ferrão, A. M. de (2011). Bom e ruim [web]. Disponível em <https://argollo.arquiteturadocafe.com.br/antologia/poetica/bom-e-ruim/>.
Bom e ruim
Sim, penso que sim, Foi bom mas foi ruim, Assim como é toda grande aventura. Imaginá-la nua, em cima de mim Com suas tatuagens esboçando ternura Me enclausura numa conversa sem fim. Foi bom mas foi ruim, Basta de tanta procura. E ela sorria e cheirava a alecrim, Nossos toques recíprocos, retoques, Sua sombra carregada, seu batom carmim. Foi bom mas foi ruim, Como quem toma remédio e não cura. A saga, a sina, a cena Integravam o contexto assim, Feito criança comendo quindim. Foi bom mas foi ruim, O doce lambuza a boca — abusa — E agrava a secura... Da alma, da mente, do corpo Que um dia foi casto mas caiu no jardim Repleto de flores do campo — lavanda, jasmim... Foi bom mas foi ruim, E penso que enfim ninguém se segura. Sim, penso que sim, Foi bom mas foi ruim, Pobre de quem se aventura numa conversa sem fim. Há de ser bom mas quase sempre é ruim. Basta de tanta procura. A sombra delineia E o batom há de ser sempre carmim. Parece que é bom mas é muito ruim, Como remédio que não cura As crianças que comem quindim. O doce é bom, o remédio ruim Pois quem abusa lambuza — a boca — E agrava a secura... Da alma e do corpo caídos No idílico e mítico jardim. Amanhã será bom, mas hoje foi ruim. Penso que enfim ninguém se segura, Foi bom, será bom, Mas foi ruim — Nem foi tanto assim.