Poema concebido em Campinas [SP/BRA] jan./2012
Argollo Ferrão, A. M. de (2012). Comunhão [web]. Disponível em <https://argollo.arquiteturadocafe.com.br/antologia/poetica/comunhao/>.
Comunhão
Sim, ouvi a sua voz e ela não me convenceu. A intenção era das melhores, Ainda que não fosse clara, Era honesta e coerente… Mas sua voz não me convenceu. Chegou a hora do almoço, sentei-me à mesa E comi o que me ofereceu o contexto daquele dia de sol Em que ouvi a voz do meu eu [...] Soar mais alto do que aquela que não me convenceu. E daí decidi teimar, e insistir, persuadir, jogar, Mas logo percebi que no jogo só quem tinha a perder Era justo quem achava que poderia ganhar. E nesse caso, o jogador imprudente era eu. Ouvi soar mais alto a voz do meu eu. E assim pude resgatar A aura que havia perdido, O glamour de tempos passados, As músicas que me tocavam o sentido… Enfim pude reaver Um pouco do que sempre foi meu, De tudo que eu tinha sido, Ao ouvir a voz que estava calada, Intimidada, reprimida, resignada, Impedida de ecoar no recinto mais apropriado, Preparado para receber o seu som… A voz dominou a todos os desatentos, Prestes a sair dali e deixar para traz Tudo o que compete ao seu eu. A voz se pôs a cantar e a refletir, ecoar Os pensamentos libertários latentes Que a comunidade elegera como seus, De que a vida vale muito a pena. E o melhor de tudo só mesmo a certeza De que vamos prosseguir em união, Cada um na sua e nós na nossa Comunhão.