Poema concebido em Campinas [SP/BRA] mai./2011
Argollo Ferrão, A. M. de (2011). Crueldade sincera [web]. Disponível em <https://argollo.arquiteturadocafe.com.br/antologia/poetica/crueldade-sincera/>.
Crueldade sincera
A quem mais quero enganar ? Estou só. Deem-me crédito que eu pago com juros, Deem-me uma chance, estou em apuros, Rezo pra tudo que é santo — que desatem esse nó. A quem quero enganar ? Já foi. O que era doce se acabou, A vaca foi pro brejo e se atolou, O touro, se é capado não deixa de ser boi. Boi, boi, boi... Boi da cara preta. A quem mais quero enganar ? Perdi O trem mais belo de uma História de Amor, Trem de loco, sô ! – Romeu sem Julieta. A quem mais quero enganar ? Já era ! Foi bom enquanto durou Mas agora chega ! O sonho acabou. Uma doce ilusão eterniza a crueldade sincera.