Poema concebido em Gonçalves [MG/BRA] jul./2019
Argollo Ferrão, A. M. de (2019). De bem, agora [web]. Disponível em <https://argollo.arquiteturadocafe.com.br/antologia/poetica/de-bem-agora/>.
De bem, agora
Bem agora eu decidi divagar... E devagar me locupletar de ar E me embebedar de luz E soluçar de tanto rir Já que não caberia chorar. Bem agora resolvi me resguardar Da ameaça de me despir e deitar E me desfigurar de tanto rolar Querendo fluir e desaguar Já que não caberia dormir. Bem agora eu decretei que o tédio Não se fará presente Neste contexto insólito, Prenhe de movimentos vãos, Que vêm e vão mas não se veem. Bem agora eu resumi a fábula Que outrora me impressionava E me tirava o sono e me encantava Ao mesmo tempo que me deprimia Já que me intimidava mas não me reprimia. Bem agora eu concluí, em síntese, Numa catarse catalítica, Quase catastrófica, mais que analítica, Que o desprezo em doses homeopáticas Nos torna presos a pessoas paralíticas.