Flerte avesso

Poema concebido em Campinas [SP/BRA] dez./2014

Argollo Ferrão, A. M. de (2014). Flerte avesso [web]. Disponível em <https://argollo.arquiteturadocafe.com.br/antologia/poetica/flerte-avesso/>.

Flerte avesso
Eu quase consegui me esquecer
Da tragédia que encenou meu coração
Com a presença que me fez perceber
O flerte numa outra dimensão…
O suspiro antes do salto…
Antes do mergulho em plena escuridão.

Mas me dei conta que o tempo parou
E impetuosamente decretou
Que o flerte se consagrou
Em ato insólito
Que se realizou.

Eu quase enganei o tempo
Mas o tempo não me perdoou
E me fez ver que aquele momento
Só não se perpetuou
Porque o lamento do meu manifesto se elevou…

Ao vento — que nem sempre varre
A poeira metafórica que turva os ares etílicos,
Idílicos patamares,
Inalcançáveis para quem sonhou
E acordou… e desabou…
Mas se levantou e voltou a respirar.