Na contramão

Poema concebido em Campinas [SP/BRA] abr./2011

Argollo Ferrão, A. M. de (2011). Na contramão [web]. Disponível em <https://argollo.arquiteturadocafe.com.br/antologia/poetica/na-contramao/>.

Na contramão
Não vá por aí porque, se for, você pisa na poça
E molha o sapato, encharca o pé, tropeça,
E trôpego, desequilibrado tende a cair.

Não vá por aí porque o trajeto é tortuoso
E você pode se perder, e não chegar
Ao seu destino — pretensamente glorioso.

Não vá por aí porque é perigoso !

Há muitas pedras no caminho,
Já dizia o poeta, em pleno gozo
De seus atributos sobrenaturais.

Não vá por aí porque você pode se dar mal,
E perder a cabeça, perder a paciência,
Você pode perder o foco, a noção do essencial.

Se for por aí – é imprudência !

Não vá por aí porque o tombo é grande
E você não aguenta a pressão,
E acaba sofrendo, sai correndo, morrendo de medo... 

Se for por aí – vai perder a razão.

Você pode perder a inocência,
E depois chorar, dizer que eu não avisei,
E sem consciência, dizer que não sabia...

Não vá por aí porque foi por onde eu comecei.