Nada de novo

Poema concebido em Campinas [SP/BRA] mar./2020

Argollo Ferrão, A. M. de (2020). Nada de novo [web]. Disponível em <https://argollo.arquiteturadocafe.com.br/antologia/poetica/nada-de-novo/>.

Nada de novo
Oh não ! De novo não...
Não há nada de novo que me impeça
De exclamar, questionar a sua conclusão
Oh não ! Tenha dó !
Ter que argumentar para tentar comprovar
Que não há nada de novo nessa situação
Caótica, estapafúrdia, escalafobética,
E que nos deixa a todos atordoados,
Sem a certeza de que se pode pisar o chão,
Não me peça para refletir, opinar
Ou aceitar a sua opinião...
Oh não ! De novo não...
Tenha um pouco de consideração !
Quantas vezes haveremos de salientar
Que o que se deve fazer é respeitar
E vigiar... cuidar para não comprometer
Os esforços que se empreendem para resguardar
O bom senso, a compreensão, a liberdade do ser...
E então... de repente você me vem com essa ?!
Oh não ! De novo não.
Pare de se queixar e conclamar rebelião,
Deixe de chorar a falta de sorte
Ou competência que o destronou de supetão,
Está claro que o seu discurso não colou,
Não decolou, não tocou a multidão.
Então... agora você me vem com essa ?!
Oh não ! De novo não.
Tenha a santa paciência !
Quantas vezes haveremos de sinalizar
Que você está fora do prumo, sem noção,
Absolutamente descolado, alienado,
Fora da realidade, sem a menor condição
De manter um diálogo, uma conversa
Aberta, sincera, capaz de abrir caminhos
Para construir a união.
Oh não ! De novo não !
Não me venha com essa peça
Que mais parece uma tragédia anunciada
Sem a menor possibilidade de um final feliz...
Teatro do absurdo, cenário de ilusão,
Circo sem graça, sem a massa, sem o pão.
Nem vem que não tem.
Oh não ! De novo não !