O silêncio e a eloquência

Poema concebido em Campinas [SP/BRA] abr./2011

Argollo Ferrão, A. M. de (2011). O silêncio e a eloquência [web]. Disponível em <https://argollo.arquiteturadocafe.com.br/antologia/poetica/o-silencio-e-a-eloquencia/>.

ISSN 2763-7271 / Publicado em 2022

Argollo, A. (2022). O silêncio e a eloquência. In O Pensador [ACML] n. 5, p. 46, Campinas [SP/BRA].

O silêncio e a eloquência
A inibição camufla a incompetência.
Por certo que nem sempre
Sabe mais quem fala demais,
Mas este se impõe a quem se cala
Mesmo transgredindo o bom senso
E nos quitando a paciência.

Paz a quem quer ouvir o silêncio,
Aspecto mais nobre da sapiência...
E reconhece que a prudência
Sempre vence a
Desobediência, a insensatez,
E as regras de uma boa convivência.

Às vezes, contudo, a inibição responde
Eloquentemente a quem se esconde
Do vazio que predomina — na mente
De quem pensa que pensa, e sente
Que de tanto pensar se perde
Justamente onde
Deveria se encontrar.

A lábia de quem tenta persuadir
É doce e cheia de armadilhas...
Todavia o descaso e a irreverência
Constituem faces de uma mesma moeda.
Assim, quem se cala premedita a eloquência,
E quem fala não mede, não medita,
Não valoriza a consciência.

Portanto, nesses casos,
Quem se cala irradia potência
Que no vazio, no vácuo se manifesta e dita
A quem fala sem pensar na consequência.
Eis que o silêncio se alimenta de paciência
E se sobressai, chama atenção e dignifica
Nesse mundo de comunicação — a fluência.

O silêncio e a eloquência