Poema concebido em Campinas [SP/BRA] nov./2011
Argollo Ferrão, A. M. de (2011). Respirar puro ar [web]. Disponível em <https://argollo.arquiteturadocafe.com.br/antologia/poetica/respirar-puro-ar/>.
Respirar puro ar
No instante em que mais se busca o ar Para respirar, para respirar, para respirar… Só o que entra em seus pulmões é o pó De asfixiar — pode asfixiar o pó no lugar do ar. Aquele instante em que o que mais se quer É o sossego de uma tarde chuvosa, Quando a tranquilidade se instala preguiçosa E você, inerte, sequer faz força para pensar. O instante em que a cidade parece estar toda vazia, E nas ruas, poucas pessoas perambulam bem devagar, Como num filme-conceito, em preto e branco. Pode parar, pode parar, pode parar… Para respirar. É o instante em que se consegue refletir, Pensar no que de bom a vida pode ofertar, E ouvir a música preferida, curtir… Pode tocar, pode tocar, pode tocar sem parar. E para se ouvir… Pode sentar para sentir o som no ar, Pode respirar, pode respirar, pode respirar… É bem nesse instante que, se o mundo ruir E trincar, e partir, explodir, Eu quero explorar e partir e voar Para onde se possa respirar Puro ar, puro ar, puro ar…