Sinais

Poema concebido em Campinas [SP/BRA] jan./2012

Argollo Ferrão, A. M. de (2012). Sinais [web]. Disponível em <https://argollo.arquiteturadocafe.com.br/antologia/poetica/sinais/>.

Sinais
Meu corpo me manda sinais,
Eu já sinto dores preocupantes —
E se não são preocupantes, são dores
Que não doem como as que doíam antes.

Meu corpo me manda sinais,
Os meus olhos cansados já não brilham sorrindo,
E belas paisagens neles já não se refletem mais,
Eu não acesso o Paraíso que conheci dormindo.

Os sinais me parecem claros,
Em pleno verão, minha cabeça dói,
Tomo um copo d’água, olho para a minha mão
Que já treme – e demanda certos amparos.

Sinto que minha respiração
Bem poderia estar mais equilibrada,
Eu inspiro, respiro, inspiro… prendo
O ar — mas não seguro a risada.

Assim meio besta, até um pouco forçada,
Dada a total falta de assunto
E a necessidade de me posicionar
Numa cena em que ninguém contracena junto.

Os sinais vêm sendo dados,
Eu agora estou sozinho…
Sirvo-me daquele queijo,
Provo daquele vinho…

Eu não quero adiar mais nada
Os sinais são claros, incisivos e propõem
Que é chegada a hora de enfrentar a jornada
Que a maturidade e a sapiência ora impõem.

Que se corrijam rumos outrora traçados
Por caminhos que trilhei desatento,
Sem qualquer percepção do entorno
Nem a consciência dos passos dados.

Assim minh'alma se agita, e a mente mente ao corpo
Até que este se acalma, e a calma abranda a alma
Que enfim capta os sinais que o corpo manda,
Todavia, imprudente, dá de ombros e anda.