Poema concebido em Campinas [SP/BRA] Ago./2020
Argollo Ferrão, A. M. de (2020). Supremacia radical [web]. Disponível em <https://argollo.arquiteturadocafe.com.br/antologia/poetica/supremacia-radical/>.
Supremacia radical
Há pouco tempo para dizer tudo o que pretendo, A liberdade de expressar-me parece condicionada Ao viés ideológico ou ditames a que não me prendo, Eis que o tribunal que edita e dita a palavra a ser propagada Deturpa as letras da Constituição por ele vilipendiada. Algozes da liberdade de expressão, malditos empolados, Arrogantes, antipáticos, sem estofo para o cargo que ocupam, Destroem a unidade da nação, sequestram a lógica e a razão, Deturpam o legado legal relegado ao cidadão Impondo à sociedade seu viés unilateral de sabor amargo. Há meios de parar esses verdugos, abutres entogados ? Há freios para essas bestas, animais descontrolados ? O poder que lhes parece natural que exerçam sem temores Emana do povo que ignoram solenemente, sem pudores, despreocupados. O tempo está se esgotando — e em se esgotando se cobram os pecados Pois o Juízo é implacável como são os anjos vingadores, Eis que a corja será destituída e o inferno dará conta dos culpados. Os canalhas pululam desavergonhadamente pelas esferas do poder, Fingem decência com suas caras pudibundas mal lavadas, imundas Formam bancadas, essa cambada de filhos da disputa... Por interesses mesquinhos, que hão de ser acolhidos, Multiplicados e distribuídos na disputa que os pariu... Desde a indicação presidencial até o lobby no senado federal, É uma gente horrível, diria um deles para si mesmo Ou para um seu par — tanto faz. Tribunal insidioso, militante infame que se diz impoluto Mas manipula a verdade e suprime as liberdades essenciais Em nome de uma pseudo supremacia do povo sobre grupos radicais.