Poema concebido em Campinas [SP/BRA] jun./2021
Argollo Ferrão, A. M. de (2021). Terno cafona [web]. Disponível em <https://argollo.arquiteturadocafe.com.br/antologia/poetica/terno-cafona/>.
Terno cafona
Amarrotado, o meu terno encontra-se dependurado No cabide da vã expectativa de voltar a ser usado Em noites de gala, de galhardia e gargalhadas Suprimidas amiúde até que fossem deletadas. Deleite era a palavra que se usava para descrever As cenas que nos envolviam até o amanhecer Em madrugadas mal dormidas com amantes mal amadas A fim de sanear feridas mal curadas sofridas em vidas passadas. Mas eis que o sol desponta célere no horizonte E é mesmo linda a manhã que se apresenta Entre raios alaranjados, lilases e magenta Que tingem o azul do céu sem que o afronte. Vazou a informação que se temia viesse à tona… O dia nasceu feliz e a vida segue em fluxo dadivoso. Amarrotado, o meu terno dependurado e garboso Permanecerá inutilizado, por ser de fato uma veste cafona.