Poema concebido em Campinas [SP/BRA] jan./2016
Argollo Ferrão, A. M. de (2016). Transcendência [web]. Disponível em <https://argollo.arquiteturadocafe.com.br/antologia/poetica/transcendencia/>.
Transcendência
Haverá alguma explicação para a minha aspiração à transcendência Pois o amor e a razão constituem tendência, A vida do ser humano neste planeta requer competência E a morte — que é uma certeza — há de exigir paciência. Metáforas e deduções lógicas caem por terra e são postas de lado, Não me ajudam neste momento, já que me sinto inquieto, Confuso, ansioso, de certa maneira abandonado. Ora, deve haver uma explicação para este meu estado. Filosofar sobre a morte e o sabor que ela dá à vida Também não me faz a cabeça nessa hora, Pois estou a ponto de concordar com Albert Einstein E colocar meu pensamento à deriva, nos cordéis da Relatividade. Talvez o que me salve seja o fato de ter o meu violão em ordem, E poder tocá-lo imaginando que em algum universo paralelo Eu possa atingir a perfeição relativa ao som que dá o tom Da vibração, a energia que emana da minha alma zen. De fato é confuso pensar que o nosso mundo É tão ínfimo e grandioso ao mesmo tempo... E o tempo, ora o tempo... Esse então chega a ser cruel. Agora não chegaremos a lugar algum, Sequer sairemos sãos desses versos-carrossel Pois nossas mentes já deram várias piruetas No picadeiro desse circo transcendental que é o céu. Valha-me Deus, permita-me vislumbrar a Luz ! E de algum modo balbuciar fragmentos De uma mensagem divina, atemporal, Talhada para atingir o espírito encarnado no animal. Fica difícil contemporizar, Pois a barbárie atingiu níveis alarmantes Que levam a Humanidade a níveis baixíssimos De cognição e reconhecimento. É o fim da picada ! Há de ser transcendente a minha atuação neste circo, Até o momento de poder avistar a Luz no fim do túnel E perceber, a partir de uma perspectiva metafísica e surreal, Que a Humanidade é o que é e será o que foi até transcender afinal.